Psicanálise e política
- Casa Integrar
- 8 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Por Thayz Athayde

Fazer análise nos ajuda a remover algumas coisas que acabam embaçando a visão sobre nós mesmas e consequentemente sobre os outros. Uma das coisas incríveis que aprendemos em análise é entender que certas questões nossas e do Outro acabam se misturando, podem virar uma confusão, causar frustração e a velha decepção (que nada mais é do que expectativa que traçamos em cima de outras pessoas). Mas, é preciso não cair no conto neoliberal que utiliza da sua análise pessoal para justificar suas atitudes a partir de um argumento meritocrático, para não se responsabilizar politicamente.
Uma coisa é separar questões e não se misturar tanto com o Outro. Que é diferente de não se responsabilizar, se emocionar e sentir empatia pelas pessoas por achar que não deve se importar com os outros e alegar que é por conta da sua análise pessoal. Veja, se utilizar de um argumento neoliberal e acreditar que "eu posso", "eu faço", "isso nada tem a ver comigo porque preciso pensar em mim, nas minhas questões, na minha vida e fazer tudo pelo meu próprio mérito", nada mais é do que tornar algo tão potente que acontece na análise, um argumento neoliberal para não se envolver politicamente e afetivamente com as pessoas.
Nunca vou esquecer do Encontro Internacional do Fórum do Campo Lacaniano que participei anos atrás, em que Colette Soler fez uma crítica contundente ao capitalismo e disse algo como "não iremos nos render ao capitalismo, a psicanálise não fará isso". Se quiser se utilizar de argumentos neoliberais, meritocráticos, para não se responsabilizar, não se envolver, achar que o que está acontecendo com outras pessoas nada tem a ver com você, é uma escolha sua. Mas, não faça isso como resultado da sua análise pessoal. Assuma que esse argumento é seu e é da sua responsabilidade. E se achar que deve, leva para sua análise.
Quer saber mais sobre “Thayz Athayde”? Clique aqui https://bit.ly/2Bmbnvw
Comentarios